O dia que fui furtada

by - julho 02, 2019


Retirada daqui

Creio que foi um dos dias mais estranhos que tive em meio há algum tempo, não sei o que dizer dele mas estava estranho. Eu não queria ir para a universidade tão cedo, mas crescemos e temos compromissos que precisam serem feitos, também não iria usar a mochila que levei e muito menos pegar o ônibus que peguei. São tantos "se", "iria" e acabou no que deu. Lembro que senti uma mexida na bolsa, mas cá entre nós isso é o que mais acontece quando se anda em sucatas chamadas de ônibus e estradas que precisam de reparos..
Reparei que a moça que estava sentada na minha frente me olhava frequentemente, pensei que ela poderia pegar a minha mochila, mas não era e talvez essa foi a forma que ela tentou me avisar. Talvez, não saberei.
Perdida com os últimos acontecimentos da minha vida, me vi encarando a janela aberta e as paisagens que apareciam. Até que, em menos de 5minutos de um terminal para outro, furtaram o meu celular. Senti falta assim que desci no terminal, sem reação e sem acreditar fui caminhado pela rua molhada e no tempo frio. É incrível que em meio a tantos pensamentos, nos culpamos de diversas maneiras que chega a ser cruel. Acontece. Não é para ser assim, mas acontece. E aconteceu comigo.
A frustração que fica é mais por mim, ter permitido - ou não-, do que pelo fato em si. E isso é cruel porque não somente nessa situação, mas na maioria das violências em que somos vitimas de um grupo doente/ineficiente acabamos nos acusando e nos tratando da pior forma possível, conseguimos penalizar a nós mesmo, nos culpar quando quem deveria receber esse crédito sai ileso em nossos pensamentos.
À mim, desejo dias melhores, pensamentos leves, cautela, mais atenção e menos julgamento. Vale a reflexão. Ao ser que me furtou, eu acredito na justiça da vida, que não importa quando vem e nem de qual forma, mas que ela chega. E para todos.

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3 comments

  1. Oi, Thaís.
    O que você está passando agora, eu também já passei, em 2010. Eu tinha 17 anos e estava indo para a escola. Quando passei pro Ensino Médio, eu ia para a escola de ônibus coletivo. O ônibus estava cheio nesse dia do ocorrido e eu estava em pé, de frente para uma cadeira na fileira do lado do cobrador. Eu usava bolsa de costas na época e ingênua que eu era, colocava o celular solto numa das bolsinhas que ficam ali por fora da bolsa, sabe? Então. E levava a bolsa por uma alça só em meu ombro direito, só que a parte onde o celular estava, estava para trás de mim, de modo que dava mesmo para abrirem e pegarem, sem que eu pudesse ver ou perceber.
    Eu sei que foi um casal que me roubou. No momento de alguns passageiros descerem, os dois aproveitaram o embalo e levantaram juntos. Enquanto as outras pessoas passavam no corredor, os dois pararam ali onde eu estava, a mulher deu cobertura para o homem que pegou, ela deu cobertura ficando na frente dele para ninguém ver ele roubando, ou o homem que deu cobertura para a mulher que pegou, eu não sei ao certo, mas sei que um deu cobertura pro outro, porque depois eu lembro que eu senti um rápido tumulto atrás de mim, na hora eu não notei nada disso, mas depois, pensando, me lembrei disto. Pegaram o celular e desceram, eu ainda vi os dois lá embaixo depois que tinham descido, mas ainda não tinha percebido nada. Tinha uma bolsinha com umas moedas e algumas outras coisas de menores valores também junto com o celular, mas não levaram, só dou falta até hoje do celular mesmo. Deixaram a bolsinha aberta e eu só fui ver e perceber quando já tinha chegado à escola e aí bateu aquele desespero. Era um celular de abrir e fechar da marca Sony Ericson, ele era lindo, e por fora, tinha uma parte prateada com design de folhas, sinto falta até hoje. Eles deixam a bolsa aberta quando roubam de uma bolsa, certamente como um sinal: "Ó, você foi roubado(a)!". No dia seguinte ou alguns dias depois, as mesmas pessoas tentaram me roubar de novo no ônibus pra escola, achando que eu era tonta de dar outro celular pra eles. Fui esperta e passei a levar o celular dentro do espaço principal da bolsa, não mais solto, de forma bem escondida, de modo que se tentassem me roubar de novo, porque imaginei nisso, não sendo um assalto à mão armada, só um roubo simples, pelo menos eu perceberia e evitaria. Mas pra não deixar passar assim, lembro que em casa, eu coloquei um pouco de papéis ou plásticos recortados/picotados na parte onde meu celular foi furtado e quando tentaram me roubar pela segunda vez, só encontraram isso mesmo. Outra vez deixaram a bolsa aberta e foi então que percebi que tentaram me roubar de novo como eu imaginei que tentariam, e que eram as mesmas pessoas do roubo anterior.
    Depois disso eu aprendi a lição e passei a tomar medidas de segurança pra evitar que eu seja roubada dessa forma outra vez. Isso de forma alguma é bom, a gente se desespera, chora, sente raiva, mas a gente aprende a tomar medidas de segurança para que não passe por isso de novo, a gente aprende a se precaver e também a dar mais valor e cuidado ao que por direito é nosso. Na hora ou quando a gente percebe que foi roubada é um susto, mas a gente supera. Eu superei. Espero que você supere também. Força aí!

    [Desculpa o texto enorme.]

    Um abraço,
    Rose Gleize. 💌

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    Respostas
    1. Pode escrever textão sempre que quiser, Gleize. Você descreveu muito bem como foi o meu furto, exatamente da mesma coisa. Passado algumas semanas já estou melhor, obrigadaa!! :D

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  2. Eu ja fui furtada duas vezes e, ironicamente, no mesmo ônibus - só em anos diferentes. O que mais me pegou foi a sensação de impotência perante a situação, é foda.

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